A Restrição de Crescimento Fetal Intrauterino, conhecida também como RCIU, é um problema clínico grave, associado ao aumento da morbidade e mortalidade perinatal, sendo diagnosticada em 5% a 10% das gestações.
Reconhecida através da ultrassonografia, a RCIU pode ser confundida com um bebê PIG, pequeno para a idade gestacional.
Embora os avanços médicos e tecnológicos permitam um reconhecimento precoce, a possibilidade de uma restrição de crescimento fetal intrauterino não pode ser 100% eliminada.
No entanto, quanto antes for descoberta, melhor! Com tratamento e monitoramento corretos, a RCIU não tem porque comprometer a saúde da gestação.
O que é a Restrição de Crescimento Fetal Intrauterino?
A Restrição de Crescimento Fetal Intrauterino é uma condição em que o feto não atinge o seu tamanho potencial determinado geneticamente. Ela é diagnosticada em 5% a 10% das gestações.
Também chamada de RCIU, essa restrição é diferente de PIG, a sigla que designa fetos pequenos para a idade gestacional.
A diferença entre ambas situações está em certos processos patológicos. Enquanto um bebê PIG é apenas considerado pequeno, sem que isso seja causado por qualquer doença, o bebê que sofre de RCIU é afetado por processos patológicos.
Geralmente, a causa está relacionada à deficiência de nutrientes e oxigênio através da placenta, o que leva a uma redução na velocidade de crescimento do bebê ou mesmo sua paralisação.
Doenças como hipertensão arterial, problemas com o sistema circulatório, dieta desequilibrada ou o consumo de drogas, álcool ou tabaco podem influenciar no surgimento da RCIU, pois tendem a afetar o transporte de nutrientes.
O histórico prévio de RCIU em gestações é outro fator a observar.

Quais são as causas da RCIU?
Há fatores que indicam um maior risco para o desenvolvimento da Restrição de Crescimento Fetal Intrauterino. Porém, é importante frisar que não é porque você se encaixa em um desses fatores que sua gravidez desenvolverá a RCIU. O acompanhamento médico é essencial para o diagnóstico preciso.
Entre eles estão:
- Histórico Gestacional
Caso você tenha tido a RCIU na sua gravidez anterior, as chances de desenvolvimento tendem a ser maiores.
- Gestação múltipla
Os estudos indicam maior incidência de RCIU em gravidez de gêmeos e em maior número. Entre as razões apontadas, está o espaço reduzido para o crescimento fetal.
- Infecção na gravidez
Rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus, varicela-zoster, malária, sífilis e herpes aumentam o risco de Restrição de Crescimento Intrauterino.
- Baixo peso ou ganho de peso inadequado
O baixo peso ou o ganho de peso inadequado durante a gestação é um dos fatores de risco da RCIU. Por isso, é muito importante manter uma alimentação adequada e, se possível, fazer acompanhamento nutricional.
- Doenças preexistentes
Doenças como hipertensão, insuficiência renal, diabetes, doença vascular do colágeno, lúpus eritematoso sistêmico, síndrome antifosfolípide e doenças reumatológicas e autoimunes são fatores que elevam o risco do desenvolvimento da RCIU. A hipertensão, inclusive, está relacionada à pré-eclâmpsia.
- Uso de drogas, bebidas alcoólicas e tabagismo
O uso de drogas, bebidas alcoólicas e o tabagismo são prejudiciais ao próprio corpo. Por isso, não é nada surpreendente que elas aumentem o risco de desenvolvimento da RCIU.
- Mulheres nos extremos da idade reprodutiva
Tanto adolescentes quanto mulheres acima dos 40 anos são mais suscetíveis ao desenvolvimento da RCIU.
Além disso, as principais causas da RCIU são associadas a patologias maternas que podem acometer a placenta, impedindo assim que o feto receba os nutrientes e o oxigênio necessários para desenvolver completamente órgãos e tecidos, diminuindo o seu ritmo de crescimento.
Agora, caso você se enquadre num desses fatores, não deixe de informar seu médico para que vocês possam acompanhar mais detalhadamente a gravidez.
Sintomas da restrição de crescimento fetal intrauterino e como diagnosticar
Infelizmente a restrição é um tanto quanto silenciosa. Isso porque seu principal sintoma, que é o crescimento abaixo do esperado para a faixa etária, só pode ser observado através da ultrassonografia obstétrica.
E antes que você ouça por aí que sua barriga está muito pequena para o tempo, não se preocupe – o crescimento da barriga não é sintoma para a RCIU. Afinal, nem sempre barriga grande significa bebê grande, nem vice-versa.
Agora, para que você fique segura de que está tudo bem com sua gravidez, é muito importante manter seu pré-natal em dia. Exames sanguíneos e ultrassonográficos são essenciais para que se possa avaliar esse e outros riscos.
É importante ressaltar que os riscos de parto prematuro aumentam com a RCIU. Por isso, é muito importante sempre estar de olho!
Mas, se você fez os exames e a Restrição de Crescimento Intrauterino foi diagnosticada, não se desespere. Siga as orientações do seu médico e mantenha o seu pré-natal em dia.
Exames em dia para prevenir as consequências da RCIU
A RCIU pode ser amenizada se controlada de perto pelo seu médico. Para isso, é extremamente necessário que seus exames pré-natais estejam em dia.
A ultrassonografia morfológica do primeiro trimestre, além de essencial no diagnóstico de doenças gestacionais como a pré-eclâmpsia, é também crucial para o reconhecimento da RCIU.
Em toda a gestação é fundamental que hábitos nocivos, como o uso de drogas e tabaco e a ingestão de álcool sejam cortados. Afinal, além de não fazer bem ao seu corpo, não faz bem ao do seu bebê, que passa a correr riscos desnecessários.
Referências:
Sclowitz IK, Santos Ida S. Fatores de risco na recorrência do baixo peso ao nascer, restrição de crescimento intra-uterino e nascimento pré-termo em sucessivas gestações: um estudo de revisão [Risk factors for repetition of low birth weight, intrauterine growth retardation, and prematurity in subsequent pregnancies: a systematic review]. Cad Saude Publica. 2006 Jun;22(6):1129-36. Portuguese. doi: 10.1590/s0102-311×2006000600002. Epub 2006 May 29. PMID: 16751952.
GUISSO, Danielle Reck et al. RESTRIÇÃO DO CRESCIMENTO INTRAUTERINO: O PERFIL DA DOENÇA E FATORES DE RISCO RELACIONADOS. Anais do Seminário Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Extensão, 2020.
COSTA, Sophia de Araújo Libânio et al. Diabetes Gestacional como Causa de Crescimento Intrauterino Restrito e seus Desfechos Tardios. Brazilian Journal of Health Review, v. 3, n. 4, p. 11088-11105, 2020.
MALINI, Ghiedre Melissa Vieira. Avaliação das curvas de peso e de altura uterina no rastreamento de restrição de crescimento intra-uterino. 2006.
SAPAGE, Sara Inês Marques. A influência dos estilos de vida na restrição do crescimento intra-uterino. 2018. Tese de Doutorado. Universidade de Coimbra.
Townsend R, Khalil A. Fetal growth restriction in twins. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol. 2018 May;49:79-88. doi: 10.1016/j.bpobgyn.2018.02.004. Epub 2018 Feb 24. PMID: 29661565.