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Dr Arlley Cleverson

Medicina Materno Fetal

Por que fazer o rastreamento e prevenção da pré-eclâmpsia?

O rastreamento da pré-eclâmpsia permite a prevenção de riscos e consequências graves para mãe e bebê.

Se você me acompanha pelas redes sociais, sabe que estou sempre falando sobre a importância do rastreamento e prevenção da pré-eclâmpsia. 

Afinal, além de silenciosa e traiçoeira, ela pode se transformar em um problema muito sério, podendo levar a mãe e o feto ao óbito.

Agora, se antes muitas mulheres passavam por diversas complicações por não saber e por não existirem recursos para a prevenção e tratamento, hoje a realidade é bem diferente!

Por isso, não há desculpa quanto ao fato de fazer ou não fazer!

O rastreamento é feito de forma simples e rápida. O médico obtém de você algumas informações e reúne outras na ultrassonografia morfológica do 1° trimestre.

Com essas informações, o seu médico preencherá a calculadora da The Fetal Medicine Foundation. É através dela que irá apontar se há riscos ou não de desenvolver pré-eclâmpsia na sua gestação.

Mas, que tal saber direitinho como é feito o rastreamento e quais são os riscos de não tratar a pré-eclâmpsia? Basta continuar a leitura!

Como é feito o rastreamento da pré-eclâmpsia

É importante salientar que o rastreio da pré-eclâmpsia é fundamental e tem como objetivo prever se a gestante apresenta riscos de desenvolver a doença durante a gestação.

Inclusive, comentei em detalhes o rastreio e prevenção da pré-eclâmpsia neste artigo. Vale a pena conferir.

Se o resultado do seu rastreamento for positivo, é preciso tomar diversas medidas para a prevenção e minimização dos perigos desse diagnóstico.

Também vale mencionar que 1 a cada 4 mulheres latino-americanas morre devido a pré-eclâmpsia. Aliás, 8 a 10% das gestações são afetadas pela condição.

Para que você possa realizar o rastreamento, é fundamental que seja feita a  ultrassonografia morfológica do 1º trimestre.

O período ideal para que seja feito é entre 11 e 13 semanas e 6 dias de gestação, já que diversos estudos apontam que a prevenção para a pré-eclâmpsia é mais eficaz quando iniciado até a 16a semana de gestação.

Essa avaliação é realizada com base no histórico médico obstétrico da paciente, medida da pressão arterial, avaliação com doppler das artérias uterinas e também a partir dos resultados dos exames bioquímicos.

Ao serem inseridos na calculadora de risco da The Fetal Medicine Foundation – uma fundação que visa melhorar a saúde de mulheres grávidas e seus bebês por meio de pesquisa e treinamento em medicina fetal – esses dados geram os resultados da análise.

Através dessa análise, as medidas cabíveis são tomadas pelo seu médico obstetra.

A prevenção com medicamentos pode ser sugerida e iniciada. Dessa forma, uma série de complicações são evitadas na gestação e o principal: vidas são salvas.

Sequelas do avanço da pré-eclâmpsia

Na saúde básica, a triagem realizada é simples. Por isso, cerca de 60% das mulheres que correm risco de desenvolver a pré-eclâmpsia não são identificadas como de alto risco, mesmo sendo.

Ou seja, mais da metade das gestantes em situação de risco ficam sem tratamento e à mercê da sorte.

Por isso, ao iniciar o tratamento até a 16a semana de gestação, os riscos de desenvolver a pré-eclâmpsia antes das 37 semanas caem em até 90%.

Assim, uma gestação mais tranquila e com menor risco para a mãe e o bebê é garantida.

Veja o que a pré-eclâmpsia pode causar:

  • Cerca de 8-10% das gestações são afetadas;
  • Cerca de 16% terminam em morte materna;
  • 1 a cada 4 mulheres latino-americanas morre por causa da pré-eclâmpsia;
  • É uma das principais causas de partos prematuros;
  • Cerca de 20% dos casos precisam de internações em UTI.

Aliás, na forma mais grave, a pré-eclâmpsia está conectada à Síndrome HELLP.

A Síndrome Hellp é uma complicação grave relacionada à pressão arterial e pode ocorrer durante a gestação. A gravidade dela é tão alta que pode levar à morte, tanto da mãe quanto do bebê.

Geralmente ela se desenvolve antes da 37ª semana de gravidez e seus sinais incluem hemólise, enzimas hepáticas elevadas e baixa contagem de plaquetas.

Todas as mulheres que sofrem com essa síndrome receberam um diagnóstico de pré-eclâmpsia anterior.

Infelizmente, o tratamento da Síndrome Hellp costuma ser o próprio parto, que em alto número de casos, é prematuro. Quanto mais perto da 37a semana, mais chances o bebê tem de sobreviver.

Se não tratada corretamente, a pré-eclâmpsia pode chegar à Síndrome Hellp e ao seu estágio mais grave, a eclâmpsia.

A eclâmpsia tem como principal característica crises convulsivas e sem diagnóstico prévio de doenças neurológicas. 

Antes de apresentar o quadro de eclâmpsia, existem alguns sinais e sintomas que indicam maior risco para a gestante, conhecidos como sinais de iminência de eclâmpsia. Quando identificado um deles, a conduta imediata deve ser tomada a fim de prevenir o quadro convulsivo.

Por essas e outras razões que o rastreio adequado é tão necessário. Em caso do resultado apontar alto risco, é seu dever seguir à risca as recomendações do seu médico sobre a melhor forma de prevenção.

Rastreamento de pré-eclâmpsia sendo realizado
Rastreamento de pré-eclâmpsia sendo realizado

Previna-se: faça o rastreamento da pré-eclâmpsia

Já se sabe que a pré-eclâmpsia pode trazer diversas complicações para uma gestação e, em casos mais graves, levar à morte da mãe ou do bebê. Ou, até mesmo, pode causar a morte de ambos.

Porém, os avanços na medicina permitem lidar com ela de forma adequada e eficaz, o que faz com que os riscos sejam reduzidos drasticamente.

Para se prevenir e evitar que a pré-eclâmpsia faça parte de sua gestação, é extremamente necessário que você  compareça às consultas pré-natais e realize todos os procedimentos solicitados pelo médico.

Infelizmente, a saúde pública não cobre o rastreamento da pré- eclâmpsia. Mas, não deixe de fazê-lo. Economize de uma ponta e de outra! Afinal, ele é muito importante. Cerca de 80% das gestantes com riscos de desenvolver essa condição são identificadas com o rastreio. Enquanto isso, na triagem básica, que é realizada na saúde básica, apenas 40% delas são identificadas.

Essa avaliação de risco é feita já no primeiro trimestre de gravidez junto à ultrassonografia morfológica do 1º trimestre. É nela que dados como a análise com Doppler das artérias uterinas são coletadas.

Além disso, a medida da pressão arterial, histórico médico da paciente e resultados de exames bioquímicos são coletados. É através deles que a probabilidade de desenvolver ou não a pré-eclâmpsia é calculada.

Depois, se o resultado para o risco de pré-eclâmpsia for positivo, seu médico deve  indicar o início da prevenção o mais rápido possível. O aconselhável é que seja iniciado até a 16a semana.

Não se esqueça, prevenir pode salvar vidas!

A pré-eclâmpsia pode ser evitada! Não deixe que ela afete negativamente a sua gestação. Realize o rastreamento!

REFERÊNCIAS:

Chappell LC, Cluver CA, Kingdom J, Tong S. Pre-eclampsia. Lancet. 2021 Jul 24;398(10297):341-354. doi: 10.1016/S0140-6736(20)32335-7. Epub 2021 May 27. PMID: 34051884.

RAMOS, José G. L. et al. Preeclampsia The. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. 39 (09) • Sept 2017. https://doi.org/10.1055/s-0037-1604471. Disponível em: https://www.thieme-connect.de/products/ejournals/abstract/10.1055/s-0037-1604471. Acesso em: 7 abr. 2022.

Burton GJ, Redman CW, Roberts JM, Moffett A. Pre-eclampsia: pathophysiology and clinical implications. BMJ. 2019 Jul 15;366:l2381. doi: 10.1136/bmj.l2381. PMID: 31307997.

Dusse LM, Alpoim PN, Silva JT, Rios DR, Brandão AH, Cabral AC. Revisiting HELLP syndrome. Clin Chim Acta. 2015 Dec 7;451(Pt B):117-20. doi: 10.1016/j.cca.2015.10.024. Epub 2015 Oct 23. PMID: 26525965.

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