pré-eclâmpsia
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Dr Arlley Cleverson

Medicina Materno Fetal

Como é feito o rastreio e prevenção da pré-eclâmpsia?

Se você me acompanha nas redes sociais, é certo que já ouviu falar do rastreio e prevenção da pré-eclâmpsia, pois costumo abordar esse assunto.

A pré-eclâmpsia é a hipertensão arterial ou mesmo a piora em um caso já existente, que pode gerar uma série de problemas. Esse diagnóstico pode evoluir para a eclâmpsia, que pode estar ligada à Síndrome de HELLP.

Trata-se de algo preocupante. Hoje, 16% das mulheres que sofrem com a pré-eclâmpsia acabam indo a óbito.

Além disso, a pré-eclâmpsia é citada como causa direta de partos prematuros.

A forma mais eficaz de combate à pré-eclâmpsia acontece através da prevenção, que hoje é possível através de exames e avaliações específicas.

O principal deles é a ultrassonografia morfológica do 1º trimestre, realizada entre 11 e 13 semanas e 6 dias, onde são gerados boa parte dos dados necessários para realizar o rastreio.

No entanto, o médico fetólogo não utiliza somente os resultados para  avaliação de risco e diagnóstico. A história médica obstétrica da paciente, medida da pressão arterial e resultados de exames bioquímicos são igualmente essenciais e devem ser usados no cálculo de risco.

Mas atenção: há um tempo certo para realizar o rastreio e prevenção da pré-eclâmpsia. E este é o assunto deste artigo.

Como é feito o rastreio da pré-eclâmpsia?

O rastreio da pré-eclâmpsia serve para prever se a gestante corre o risco de desenvolver a “pressão alta” naquela determinada gestação.

Caso a avaliação de risco venha a ser positiva, é possível tomar diversas medidas preventivas para minimizar os perigos desse diagnóstico.

É importante mencionar que 1 a cada 4 mulheres latino-americanas morre por causa da pré-eclâmpsia. Além disso, 8 a 10% das gestações são afetadas.

Para realizar o rastreamento, é essencial que a ultrassonografia morfológica ocorra no 1º trimestre.

O tempo ideal para isso é entre 11 e 13 semanas e 6 dias de gestação, já que diversos estudos apontam que o tratamento para a pré-eclâmpsia é mais eficaz quando iniciado até a 16° semana de gestação.

A avaliação é feita com base na história médica obstétrica da paciente, medida da pressão arterial, avaliação com doppler das artérias uterinas e também a partir dos resultados dos exames bioquímicos.

Esses dados, quando preenchidos na calculadora de risco da The Fetal Medicine Foundation, uma fundação que visa melhorar a saúde de mulheres grávidas e seus bebês por meio de pesquisa e treinamento em medicina fetal, geram os resultados da análise.

Através dessa análise, as medidas ideais são tomadas pelo fetólogo.

O tratamento com medicamentos pode ser sugerido e iniciado. Assim, uma série de complicações são evitadas na gestação e o principal: vidas são salvas.

pré-eclâmpsia

Por que fazer o rastreio da pré-eclâmpsia?

Na triagem básica, cerca de 60% das mulheres que correm risco de desenvolver a pré-eclâmpsia não são identificadas como de alto risco, mesmo sendo.

Isso significa que mais da metade das gestantes em situação de risco ficam sem tratamento e à mercê da sorte.

Ao iniciar o tratamento até a 16a semana de gestação, os riscos de desenvolver a pré-eclâmpsia antes das 37 semanas caem em até 90%. Dessa forma, garante-se uma gestação mais tranquila e com menor risco para a mãe e o bebê.

Isso não é tudo. O rastreamento da patologia permite que cerca de 80% das gestantes que têm alta probabilidade de desenvolver a pré-eclâmpsia antes das 37 semanas sejam identificadas através de uma combinação de fatores.

O rastreio da pré-eclâmpsia é essencial. De fato, os dados reunidos pela comunidade médica falam por si mesmos:

  • Cerca de 8-10% das gestações são afetadas;
  • Cerca de 16% terminam em morte materna;
  • 1 a cada 4 mulheres latino-americanas morre por causa da pré-eclâmpsia;
  • É uma das principais causas de partos prematuros;
  • Cerca de 20% dos casos precisam de internações em UTI.

Como se não fosse suficiente, a pré-eclâmpsia está conectada à Síndrome de Hellp, uma complicação grave relacionada à pressão arterial e que também pode ocorrer durante a gestação.

Ela é desenvolvida geralmente antes da 37ª semana de gravidez e inclui hemólise, enzimas hepáticas elevadas e baixa contagem de plaquetas.

Grande parte das mulheres que sofrem com essa síndrome receberam um diagnóstico de pré-eclâmpsia anterior.

O tratamento da Síndrome de Hellp costuma ser o próprio parto, que em alto número de casos, é prematuro.

Apesar de tudo soar bastante alarmante, não é necessário pânico.

Basta realizar o rastreio adequado e, caso o resultado aponte alto risco, seguir à risca as recomendações do seu médico sobre a melhor forma de prevenção.

A prevenção é a melhor solução

A pré-eclâmpsia pode trazer diversas complicações para uma gestação e, em casos mais graves, levar à morte da mãe ou do bebê. E, no pior dos casos, de ambos.

Porém, a medicina atual nos permite lidar com ela de forma adequada e eficaz, reduzindo muito os riscos.

Para se precaver e evitar que a pré-eclâmpsia faça parte de sua gestação, é de extrema importância que você compareça às consultas pré-natais e realize os procedimentos solicitados pelo médico.

Com o rastreio combinado completo se é capaz de identificar 80% das gestantes que correm o risco de desenvolver a condição, enquanto na triagem normal apenas 40% são identificadas.

A avaliação de risco é feita já no primeiro trimestre de gravidez, através de diversas informações coletadas, tais como o histórico médico da paciente, a análise com Doppler das artérias uterinas, medida da pressão arterial e resultados de exames bioquímicos.

Porém, é importante ter em mente que há um tempo certo para a realização dos exames e iniciar o tratamento.

A ultrassonografia morfológica realizada no primeiro trimestre é um instrumento de diagnóstico essencial. Unida a uma avaliação médica completa, que pode incluir outros exames, o diagnóstico é antecipado e preciso e o tratamento, altamente eficaz.

Sendo assim, prevenir é a melhor solução!

É possível evitar a pré-eclâmpsia através de uma avaliação de risco eficaz e acessível a todas as gestantes. Lembre-se disso!

Referências:

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