parto prematuro
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Dr Arlley Cleverson

Medicina Materno Fetal

É possível rastrear e prevenir o parto prematuro?

Certamente você já ouviu falar em parto prematuro. Porém, o que ainda não está muito claro, especialmente para quem não teve experiência direta com o assunto, são os riscos que ele implica.

O parto é considerado prematuro quando acontece antes da 37a semana. Uma gestação normal pode levar de 37 a 42 semanas. Normalmente, os bebês nascem por volta das 40 semanas.

Mesmo que, quando avaliado em números, a distância entre 36 e 40 seja pouca, por exemplo, ainda assim se trata de um parto prematuro – que pode acarretar em complicações ao bebê.

Você sabia que complicações respiratórias, cardíacas e intestinais são muito comuns em caso de parto antes da hora? Isso mesmo! Por isso, é muito importante que haja prevenção.

E como prevenir? Bom, a melhor forma de prevenir é avaliar se há risco de parto prematuro em sua gestação, pois somente assim providências poderão ser tomadas para que não se tenha riscos para a saúde do bebê.

Para isso, o rastreio e prevenção de parto prematuro é essencial.

O rastreio do parto prematuro é feito a partir de resultados da ultrassonografia morfológica do 2º trimestre, que é realizada entre 20 e 24 semanas de gestação. Isso o difere do rastreio e prevenção da pré-eclâmpsia, que é feito no primeiro trimestre.

Essa e outras razões fazem com que as ultrassonografias morfológicas sejam de extrema importância para a sua gestação!

Agora, que tal descobrir mais sobre o parto prematuro e como funciona o rastreio para a prevenção?

O que é parto prematuro

Uma gravidez dura de 37 à 42 semanas. No entanto, a maioria dos bebês nascem às 40 semanas de gestação.

O parto é classificado como prematuro quando acontece antes da 37a semana, podendo ocorrer por uma série de causas.

Esse tipo de parto é muito preocupante. Aliás, quanto mais distante de completar as 37 semanas, mais perigoso para a saúde e até mesmo a vida do bebê.

É importante lembrar que a principal razão para o grau de risco da prematuridade se deve ao fato de que a cada semana o bebê se desenvolve um pouco mais.

O coração começa a se desenvolver logo nas primeiras semanas, no entanto a sua estrutura vai se aperfeiçoando à medida que as semanas passam. A mesma coisa acontece com diversos outros sistemas do corpo.

O parto prematuro faz com que essas estruturas não tenham tempo para se aperfeiçoar. Por isso, não é nada incomum que bebês prematuros precisem ficar na encubadora por um período.

É importante alertar que são diversas as complicações que podem acontecer, tais como:

  • Complicações respiratórias: muito comuns nos bebês prematuros devido à carência de surfactante, uma proteína produzida nos pulmões que permite que eles se encham de ar e o bebê consiga respirar sozinho adequadamente.
  • Complicações cardíacas: a persistência do canal arterial – ou ductus arterioso – é a complicação cardíaca mais comum. Isso acontece pois esse vaso não fecha da forma esperada e faz com que o bebê tenha uma insuficiência cardíaca.
  • Hemorragia cerebral: pode acontecer nos primeiros dias de vida. Na grande maioria dos casos, são hemorragias pequenas que são reabsorvidas de forma espontânea pelo organismo. No entanto, as mais graves podem comprometer o desenvolvimento neurológico do bebê.
parto prematuro

O que causa um parto prematuro?

O parto prematuro pode acontecer por diversas causas. A pré-eclâmpsia está relacionada a grande parte dos casos, especialmente quando não monitorada. É por isso que o rastreio e prevenção da pré-eclâmpsia é tão importante.

Outra causa para o parto prematuro envolve a placenta. Em casos como placenta prévia, onde a implantação se dá muito próxima ao colo do útero e no descolamento prematuro da placenta, o risco de parto prematuro é iminente.

A restrição do crescimento fetal, quando o bebê não consegue se desenvolver adequadamente, também pode causar um parto prematuro.

Também podemos citar o histórico de partos prematuros da gestante. Ou seja, se você já teve um parto prematuro, os riscos de que aconteça novamente são altos.

O estresse, a idade materna (menor que 17 e mais que 35 anos), a nutrição inadequada, o uso de fumo e drogas, a gravidez gemelar ou múltipla e a má-formação fetal também podem ocasionar o parto prematuro.

Problemas uterinos, como miomas, também são fatores que aumentam as chances desse tipo de parto. O colo do útero curto e incompetência cervical também são fatores de risco.

Aliás, outro fator que influencia é a baixa adesão ao pré-natal. O pré-natal é um momento muito importante, tanto para a mãe quanto para o bebê. Isso porque é nele que vemos como está a saúde da mãe e se isso pode influenciar no parto ou não.

No caso da baixa adesão, não há acompanhamento o suficiente para pontuar as necessidades da gestação. Assim, também não há como identificar possíveis problemas que possam fazer com que o parto seja prematuro.

Como evitar um parto prematuro

Para evitar o parto prematuro, a melhor saída é o rastreio e a prevenção de parto prematuro. Afinal, já diz o ditado: “Melhor prevenir do que remediar”.

O rastreio do parto prematuro é feito a partir da ultrassonografia morfológica do 2º trimestre, realizada entre 20 e 24 semanas de gestação. Nela, se tira a medida do colo uterino, conhecida como cervicometria e a partir disso o risco é calculado.

É importante salientar que para mulheres que já tenham histórico de parto prematuro, suspeita de incompetência istmo-cervical ou algum outro fator de risco para prematuridade recomenda-se realizar a medida do colo uterino mais cedo.

Após o diagnóstico, será possível traçar a melhor conduta para cada caso. Muitas vezes a solução pode ser repouso relativo, uso da progesterona por via vaginal, cerclagem, entre outros.

Porém, para se tomar medidas de prevenção do parto prematuro é muito importante que o seu pré-natal seja feito corretamente. Ao realizar o pré-natal, o alto risco para parto prematuro é descoberto mais cedo e as chances são minimizadas.

Não deixe de fazer o seu pré-natal adequadamente e nem deixe de realizar o rastreio e prevenção de parto prematuro. Essas medidas são de extrema importância para a saúde de sua gestação e visam a prevenção de complicações obstétricas, como a prematuridade.

Referências:

da Fonseca EB, Damião R, Moreira DA. Preterm birth prevention. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol. 2020 Nov;69:40-49. doi: 10.1016/j.bpobgyn.2020.09.003. Epub 2020 Sep 22. PMID: 33039310.

Honest, Honest, et al. “Screening to prevent spontaneous preterm birth: systematic reviews of accuracy and effectiveness literature with economic modelling.” Health Technol Assess 13.43 (2009): 1-627.

Ream MA, Lehwald L. Neurologic Consequences of Preterm Birth. Curr Neurol Neurosci Rep. 2018 Jun 16;18(8):48. doi: 10.1007/s11910-018-0862-2. PMID: 29907917

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