Restrição de Crescimento Fetal Intrauterino
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Dr Arlley Cleverson

Medicina Materno Fetal

Restrição de Crescimento Fetal Intrauterino

Um bebê PIG é apenas considerado pequeno, sem que isso signifique doença. O bebê que sofre de RCIU é afetado por processos patológicos, geralmente por deficiência de nutrientes e oxigênio.

A Restrição de Crescimento Fetal Intrauterino, conhecida também como RCIU, é um problema clínico grave, associado ao aumento da morbidade e mortalidade perinatal, sendo diagnosticada em 5% a 10% das gestações.

Reconhecida através da ultrassonografia, a RCIU pode ser confundida com um bebê PIG, pequeno para a idade gestacional. 

Embora os avanços médicos e tecnológicos permitam um reconhecimento precoce, a possibilidade de uma restrição de crescimento fetal intrauterino não pode ser 100% eliminada.

No entanto, quanto antes for descoberta, melhor! Com tratamento e monitoramento corretos, a RCIU não tem porque comprometer a saúde da gestação. 

O que é a Restrição de Crescimento Fetal Intrauterino?

A Restrição de Crescimento Fetal Intrauterino é uma condição em que o feto não atinge o seu tamanho potencial determinado geneticamente. Ela é diagnosticada em 5% a 10% das gestações.

Também chamada de RCIU, essa restrição é diferente de PIG, a sigla que designa fetos pequenos para a idade gestacional. 

A diferença entre ambas situações está em certos processos patológicos. Enquanto um bebê PIG é apenas considerado pequeno, sem que isso seja causado por qualquer doença, o bebê que sofre de RCIU é afetado por processos patológicos.

Geralmente, a causa está relacionada à deficiência de nutrientes e oxigênio através da placenta, o que leva a uma redução na velocidade de crescimento do bebê ou mesmo sua paralisação. 

Doenças como hipertensão arterial, problemas com o sistema circulatório, dieta desequilibrada ou o consumo de drogas, álcool ou tabaco podem influenciar no surgimento da RCIU, pois tendem a afetar o transporte de nutrientes.

O histórico prévio de RCIU em gestações é outro fator a observar.

Restrição de Crescimento Fetal

Quais são as causas da RCIU?

Há fatores que indicam um maior risco para o desenvolvimento da Restrição de Crescimento Fetal Intrauterino. Porém, é importante frisar que não é porque você se encaixa em um desses fatores que sua gravidez desenvolverá a RCIU. O acompanhamento médico é essencial para o diagnóstico preciso. 

Entre eles estão:

  •  Histórico Gestacional

Caso você tenha tido a RCIU na sua gravidez anterior, as chances de desenvolvimento tendem a ser maiores.

  •  Gestação múltipla

Os estudos indicam maior incidência de RCIU em gravidez de gêmeos e em maior número. Entre as razões apontadas, está o espaço reduzido para o crescimento fetal. 

  • Infecção na gravidez

Rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus, varicela-zoster, malária, sífilis e herpes aumentam o risco de Restrição de Crescimento Intrauterino. 

  • Baixo peso ou ganho de peso inadequado

O baixo peso ou o ganho de peso inadequado durante a gestação é um dos fatores de risco da RCIU. Por isso, é muito importante manter uma alimentação adequada e, se possível, fazer acompanhamento nutricional. 

  •  Doenças preexistentes

Doenças como hipertensão, insuficiência renal, diabetes, doença vascular do colágeno, lúpus eritematoso sistêmico, síndrome antifosfolípide e doenças reumatológicas e autoimunes são fatores que elevam o risco do desenvolvimento da RCIU. A hipertensão, inclusive, está relacionada à pré-eclâmpsia

  • Uso de drogas, bebidas alcoólicas e tabagismo

O uso de drogas, bebidas alcoólicas e o tabagismo são prejudiciais ao próprio corpo. Por isso, não é nada surpreendente que elas aumentem o risco de desenvolvimento da RCIU.

  • Mulheres nos extremos da idade reprodutiva

Tanto adolescentes quanto mulheres acima dos 40 anos são mais suscetíveis ao desenvolvimento da RCIU.

Além disso, as principais causas da RCIU são associadas a patologias maternas que podem acometer a placenta, impedindo assim que o feto receba os nutrientes e o oxigênio necessários para desenvolver completamente órgãos e tecidos, diminuindo o seu ritmo de crescimento.

Agora, caso você se enquadre num desses fatores, não deixe de informar seu médico para que vocês possam acompanhar mais detalhadamente a gravidez.

Sintomas da restrição de crescimento fetal intrauterino e como diagnosticar

Infelizmente a restrição é um tanto quanto silenciosa. Isso porque seu principal sintoma, que é o crescimento abaixo do esperado para a faixa etária, só pode ser observado através da ultrassonografia obstétrica.

E antes que você ouça por aí que sua barriga está muito pequena para o tempo, não se preocupe – o crescimento da barriga não é sintoma para a RCIU. Afinal, nem sempre barriga grande significa bebê grande, nem vice-versa.

Agora, para que você fique segura de que está tudo bem com sua gravidez, é muito importante manter seu pré-natal em dia. Exames sanguíneos e ultrassonográficos são essenciais para que se possa avaliar esse e outros riscos.

É importante ressaltar que os riscos de parto prematuro aumentam com a RCIU. Por isso, é muito importante sempre estar de olho!

Mas, se você fez os exames e a Restrição de Crescimento Intrauterino foi diagnosticada, não se desespere. Siga as orientações do seu médico e mantenha o seu pré-natal em dia.

Exames em dia para prevenir as consequências da RCIU

A RCIU pode ser amenizada se controlada de perto pelo seu médico. Para isso, é extremamente necessário que seus exames pré-natais estejam em dia.

A ultrassonografia morfológica do primeiro trimestre, além de essencial no diagnóstico de doenças gestacionais como a pré-eclâmpsia, é também crucial para o reconhecimento da RCIU. 

Em toda a gestação é fundamental que hábitos nocivos, como o uso de drogas e tabaco e a ingestão de álcool sejam cortados. Afinal, além de não fazer bem ao seu corpo, não faz bem ao do seu bebê, que passa a correr riscos desnecessários. 

Referências:

Sclowitz IK, Santos Ida S. Fatores de risco na recorrência do baixo peso ao nascer, restrição de crescimento intra-uterino e nascimento pré-termo em sucessivas gestações: um estudo de revisão [Risk factors for repetition of low birth weight, intrauterine growth retardation, and prematurity in subsequent pregnancies: a systematic review]. Cad Saude Publica. 2006 Jun;22(6):1129-36. Portuguese. doi: 10.1590/s0102-311×2006000600002. Epub 2006 May 29. PMID: 16751952.

GUISSO, Danielle Reck et al. RESTRIÇÃO DO CRESCIMENTO INTRAUTERINO: O PERFIL DA DOENÇA E FATORES DE RISCO RELACIONADOS. Anais do Seminário Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e Extensão, 2020.

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