A ultrassonografia morfológica é um exame padrão durante o segundo trimestre de gravidez, já que através dele é possível identificar possíveis anomalias congênitas no bebê.
Já em voga desde a década de 1970, o ultrassom se tornou um dos instrumentos de avaliação da saúde fetal mais importantes para o médico obstetra.
Sua evolução ocorreu de forma muito consistente ao longo dos anos e hoje a tecnologia permite que se obtenha um nível de precisão excelente através dele.
A partir da ultrassonografia morfológica é possível diagnosticar antecipadamente várias possíveis doenças no bebê em formação, assim como os fatores de risco associados à mãe.
Especialmente no segundo trimestre de gestação, a efetividade do ultrassom morfológico é amplamente documentada.
Em um estudo realizado na Suécia entre 2006 e 2013, por exemplo, com uma população não selecionada e em ambiente rotineiro de hospital municipal, metade das malformações estruturais foram detectadas pelo exame.
No entanto, a realização desse exame também é de altíssima importância no primeiro trimestre, trazendo a possibilidade de um diagnóstico precoce da morfologia fetal e de pré-eclâmpsia , entre outros.
Por isso, o assunto deste artigo é esse: a importância de realizar o ultrassom morfológico tanto no primeiro como no segundo trimestre.
O que é a ultrassonografia morfológica
O ultrassom morfológico, também chamado de USG morfológico ou ultrassonografia morfológica, é um instrumento de diagnóstico utilizado para avaliar o desenvolvimento do bebê.
Trata-se de um exame de imagem que também permite um diagnóstico precoce e rastreio de certas doenças, como cardiopatias congênitas e malformações físicas e genéticas, incluindo a Síndrome de Down.
Além disso, quando realizada no primeiro trimestre de gestação, a ultrassonografia morfológica permite que o médico fetólogo realize uma análise completa de variáveis e diagnostique 80% das gestantes que terão pré-eclâmpsia antes de 37 semanas.
Na atualidade, o exame é solicitado para todas as gestantes, independentemente do seu histórico médico pessoal e familiar, da idade ou de quaisquer outros fatores.
Isso ocorre porque sua eficácia no diagnóstico antecipado de uma série de doenças e malformações é amplamente comprovada pela comunidade médica do mundo todo.
Ultrassonografia morfológica no 1º trimestre
Nas últimas décadas, a ultrassonografia morfológica – ou ultrassom morfológico – adquiriu uma importância essencial no primeiro trimestre da gravidez.
A princípio, o exame era utilizado apenas para as questões básicas do acompanhamento obstétrico, tais como:
- Confirmação da idade gestacional;
- Diagnóstico de gravidez ectópica e doença trofoblástica;
- Outras condições ginecológicas, como mioma ou má formação uterina.
Hoje, com a padronização da translucência nucal e aparecimento de outros marcadores ultrassonográficos e métodos de rastreamento para pré-eclâmpsia, o ultrassom morfológico no primeiro trimestre adquiriu um caráter muito mais complexo e essencial.
O motivo é simples: a translucência nucal é um exame incompleto, que não abrange tudo que é possível avaliar em um ultrassom morfológico realizado no 1º trimestre.
De fato, não são poucos os estudos médicos que apontam sua eficiência para o diagnóstico de fatores de risco como a pré-eclampsia, problemas no crescimento, a prematuridade e, inclusive, um provável aborto tardio.
No primeiro trimestre de gravidez, o exame deve ser realizado entre 11 e 13 semanas e 6 dias. Com ele, o médico ultrassonografista realiza as seguintes verificações:
- Morfologia fetal, que é a formação do bebê;
- Biometria fetal, principalmente o tamanho do bebê;
- Marcadores ultrassonográficos para cromossomopatias, cardiopatia congênita e mielomeningocele;
- Avaliação de fluxos sanguíneos (Doppler) de vasos maternos (artérias uterinas);
- Cálculos de risco para cromossomopatias e pré-eclâmpsia.
Ultrassonografia morfológica no 2º trimestre
O ultrassom morfológico de 2º Trimestre é um exame de rotina do acompanhamento pré-natal, em que é feito um estudo minucioso da formação e crescimento do feto, da placenta e do volume do líquido amniótico, a fim de detectar possíveis malformações e anomalias genéticas.
O exame é realizado entre a 20ª e a 24ª semanas de gestação, o que permite uma avaliação mais detalhada da anatomia fetal.
Cabe comentar que o ultrassom morfológico do 2º trimestre deve ser complementado com uma avaliação do colo uterino por via transvaginal, a fim de realizar o rastreio de um possível parto prematuro.
É interessante notar que, nesse período, a ultrassonografia morfológica tem aproximadamente 85% de sensibilidade e até 94% de acurácia para a detecção de malformações fetais.
De fato, vários estudos comprovam a eficácia da ultrassonografia morfológica realizada nesse período, o que levou a comunidade médica a tê-lo como exame mandatório.
É preciso fazer ultrassom morfológico no 3º trimestre?
O objetivo de um ultrassom morfológico é avaliar as estruturas fetais.
Sendo assim, não é possível chamar esse exame de “morfológico”, uma vez que nesse período da gestação é impossível avaliar esses fatores.
Por outro lado, o acompanhamento pré-natal continua. Assim, seu médico pode solicitar um ou mais exames de ultrassom e quaisquer outras avaliações que julgue conveniente de acordo com o histórico de sua gravidez.
A única questão é que o exame de ultrassom morfológico nessa fase simplesmente não existe.
Como é feito o ultrassom morfológico?
A ultrassonografia morfológica não é diferente de outros exames de imagem similares.
É aplicado um gel facilitador sobre a barriga da gestante para que o transdutor (a “câmera”) possa deslizar com mais facilidade, desta forma o médico realiza o processo de captura das imagens.
Não é necessário nenhum tipo de preparo prévio para o exame, que é indolor, não-invasivo e bastante rápido.
Apenas a translucência nucal é insuficiente
O ultrassom morfológico é um exame infinitamente mais completo que a ultrassonografia simples com translucência nucal, já que engloba esse marcador e vários outros.
Através dele é possível avaliar a morfologia do feto, sua biometria, os marcadores de translucência nucal, intracraniana e de osso nasal (que prevê possíveis cardiopatias).
Porém, isso não é tudo.
O exame ainda permite uma avaliação de risco relacionada às doenças genéticas como a Síndrome de Down e também para a pré-eclâmpsia.
Para a avaliação de risco genético, o médico responsável leva em consideração a idade da mãe e os marcadores encontrados no exame.
Já para a pré-eclâmpsia, o histórico materno e familiar, a pressão arterial e o fluxo do doppler das artérias uterinas são avaliados.
Sendo assim, a ultrassonografia morfológica deve ser realizada tanto no primeiro como no segundo trimestre como exame obrigatório, já que permite diagnósticos antecipados, aconselhamento e tratamentos eficazes.
Referências:
http://www.rcog.org.uk/womens-health/clinical-guidance/ultrasound-screening
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